quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Violência contra crianças: números assustam no AP


Por Alieneu Pinheiro 

Diante dos números que assustam, o Pronto Atendimento Infantil (PAI) e o Hospital da Criança do Adolescente (HCA) qualificam constantemente seus profissionais para atender adequadamente e de forma eficiente crianças que passam por algum tipo de violência.

Dados da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) mostram que a cada oito minutos uma criança é vítima de abuso sexual. No Amapá, o cenário não é diferente. Segundo informações divulgadas pelo Hospital da Criança e do Adolescente, de janeiro a julho deste ano o HCA atendeu 20 crianças vítimas de algum tipo de violência, sendo a maior parte das agressões a sexual. Do total destas vítimas, 80,95% eram do sexo feminino.

Das 20 notificações de violência contra crianças, 19 (90,48%) continham agressões sexuais. Em seguida, aparece 1 (4,76%) caracterizando caso de abandono/negligência.

Além dos números de vítimas que assustam, outro fator que chama atenção é a confirmação que o agressor geralmente é uma pessoa próxima ou conhecida da criança. Do total de casos, 23,81% das violências foram praticadas por pais; 9,52% pela figura do padrasto, totalizando 33,33% de agressões praticadas por familiares. As agressões praticadas por conhecidos ocorrerem em 47,62% dos casos atendidos.

Nas violências praticadas contra crianças do sexo feminino, o grupo etário predominante foi de 9-12 anos (52,94%). No masculino, os grupos etários atingidos foram de 1-4 anos e 5-8 anos, 50% cada.

Um atendimento humanizado
Os profissionais que atuam no Pronto atendimento Infantil e Hospital da Criança e do Adolescente são qualificados para identificar casos de violências. Na primeira abordagem, ao suspeitar de casos de violência física ou sexual, os médicos encaminham a criança para a "sala de acolhimento", onde profissionais capacitados buscam, por meio da interação com a criança, levantar informações que comprovem o crime.

Feito isso, a assistência social do HCA entra em contato com órgão ligados à rede de proteção à criança para que as atitude cabíveis sejam tomadas contra o agressor. "Ao identificar o abuso, entramos em contato com a delegacia especializada de atendimento ao menor e informamos o fato. Outros órgãos também são informados, como Conselho Tutelar e Polícia Técnica", explica a assistente social do hospital, Maria Guerreiro.

O diferencial da "sala de acolhimento" é que todo atendimento é feito em um único lugar, preservando a integridade da criança e não a expondo de ir a vários lugares. "Oferecemos todo atendimento a essa criança aqui mesmo no hospital. Os órgãos ligados à rede de proteção vem até nós e realizam o atendimento dessa criança", comenta a diretora do HCA, Olinda Consuelo.

Outro serviço oferecido pelo Hospital da Criança é o atendimento de casos agudos e crônicos. O primeiro trata-se de criança que sofreu abuso por uma vez e que precisa de tratamento para combater doenças sexualmente transmissíveis. Já os casos crônicos são aqueles onde a criança vem sofrendo abusos sexuais há mais tempo e o atendimento neste caso é semelhante ao agudo, sendo um pouco mais diferenciado.

Para a diretora do HCA, a sociedade deve se conscientizar que a violência sexual infantil é uma realidade e que todos devem se envolver para combater este mal. "Se você perceber ou conhecer uma criança que sofre de algum tipo de violência, denuncie. Não devemos ficar calados, devemos sim denunciar os agressores e proteger nossas crianças", finaliza Olinda.


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