quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Após um ano, bebê encotrado na lixeira visita Hospital Mãe Luzia


Por Wagner Cubilla/Sesa
Emoção, lembranças, alegria e muitos abraços e beijos. Isto é o que se via na última sexta-feira, 2, no Hospital Estadual da Mulher Mãe Luzia (HMML), durante a visita que a pequena Maria Vitória do Céu e sua mãe fizeram aos servidores daquela casa de saúde.

O motivo da visita era a data tão especial que se comemorava naquele dia: um ano em um novo lar. Maria Vitória havia sido encontrada há um ano e sete meses, dentro de um saco de lixo, jogado atrás do Mercado Central. Maria Vitória foi encontrada por um gari que chegou a pensar que tratava-se de um animal morto dentro daquela sacola. “Quando ele pensou em jogar a sacola no lixo, percebeu que era uma criança. Logo acionou o socorro”. A declaração é da enfermeira Catarina de Oliveira, responsável pela Unidade Neo-Natal do Hospital da Mulher Mãe Luzia, e uma das enfermeiras que cuidaram da pequenina.

Novamente salva
Depois que os bombeiros levaram a criança para o Hospital Estadual de Emergências (HE) ela foi dada como morta, onde chegou até a ficar na “pedra”. Mas por uma obra do destino, mais uma vez foi “salva”. Passava por ali uma pessoa que ouviu um gemido e ao verificar viu que Maria Vitória ainda estava viva. “Só Deus poderia ter feito tudo isso com minha filha. Lá no HE entubaram ela e a encaminharam para a Maternidade Mãe Luzia” disse emocionada a mãe de coração da criança.

Durante cinco meses, Maria Vitória ficou na UTI Neo-Natal recebendo os cuidados e principalmente o carinho de toda a equipe do Hospital. “Ela era como se fosse a nossa força aqui durante todo esse tempo em que ficou hospitalizada. Por várias vezes ficamos próximos de perdê-la, mas nós pedíamos para ela, volta Vitória, volta... Ela conseguiu. Sobreviveu. No dia em que ela foi embora com sua mãe, foi muito doloroso. Toda a equipe ficou com muitas saudades. Mas hoje estamos muito felizes por vermos como ela está bem, como é amada pela sua mãe. Isso nos deixa mais tranquilos” disse Catarina.

Comprometimento
Para a diretora do Hospital da Mulher Mãe Luzia, Iranir Andrade, isso tudo se deve ao comprometimento de sua equipe com a vida de todos ali. “Nossa equipe é humanizada. Nós temos o compromisso com a vida de todas as crianças e mães que necessitam de nossos serviços. A Maria Vitória é prova viva disso. Ela ficou cinco meses na UTI e mais dois meses no berçário. Todas as enfermeiras trataram a Vitória como se fosse filha delas. Por isso o reconhecimento de sua atual mãe nessa homenagem que ela está fazendo para toda a equipe hoje”, declarou emocionada Iranir.

Reconhecimento
Fabíola, mãe de coração da pequena Maria Vitória, fez questão de homenagear toda a equipe do HMML, pela saúde de sua filha. “Agradeço primeiramente a Deus, e depois a toda a equipe que de alguma forma tenha contribuído para que hoje eu possa pegar minha filha no colo e amá-la como nunca amei outra pessoa em minha vida”, disse Fabíola.

“Eu queria que toda mãe que por algum motivo pense em abandonar seu bebê, que não faça isso. É preferível entregar a criança para alguma família, ou para o Conselho Tutelar ou até mesmo aqui na Maternidade. Entregar a criança não é crime. Crime é abandonar”, comentou a mãe de Vitória. Questionada sobre quem é Maria Vitória do Céu para ela, Fabíola de bate pronto respondeu: “Ela é minha vida. O ar que respiro”.

Estatística
O número de crianças aptas a serem adotadas chega a 4.856 em todo o Brasil, de acordo com o último balanço do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), divulgado em setembro pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O cadastro foi criado em abril de 2008, a fim de concentrar informações de todos os tribunais de Justiça do país referentes ao número de pretendentes e de crianças disponíveis, e de acompanhar o procedimento judicial nas Varas da Infância e Juventude.

Os dados revelam um leve crescimento na quantidade de crianças que precisam de um novo lar, já que pelo levantamento de julho havia 4.760 crianças a serem adotadas. O número de pretendentes passou de 27.264 cadastrados em julho para 27.478. Das crianças e adolescentes aptas para adoção, 2.133 são do sexo feminino e 2.723 do masculino.

O Estado que mais concentra crianças e jovens é São Paulo, com 1.288 do total. Na sequência, estão o Rio Grande do Sul (792), Minas Gerais (573), Paraná (501) e Rio de Janeiro (369). Quanto à cor da pele, a maioria é registrada como parda (2.230). As crianças e adolescentes brancas são 1.656, e as de cor negra 907.

Pretendentes
Conforme as informações atualizadas do cadastro do CNJ, o perfil exigido pelos pretendentes continua a ser o grande entrave para a adoção. Apenas 585 dos interessados declararam aceitar somente crianças da raça negra. Os que exigem crianças brancas são 10.173 dos adotantes, mas há 9.137 adotantes que se manifestaram indiferentes com relação à cor da pele. Só 1.537 aceitam meninos e meninas pardos. Mães anônimas No Amapá uma Rede de Mulheres encabeçadas pela jornalista Araciara Macedo procura, de maneira informal, deter o índice de acrianças abandonadas. São 28 mulheres que se uniram e criaram a Rede Anônima de Mães do Coração, “Nascemos com a incapacidade de gerar filhos biológicos, todas nós somos mães adotivas, essa incapacidade nos move, nos unimos para ajudar mulheres que querem ser mães e, ao mesmo tempo, ajudamos mulheres que geram e não estão preparadas para esta missão” explicou Araciara. A jornalista diz que a rede é informal, no entanto a adoção tem que ser via judicial, “Eu sou a única que aparece, as mães que fazem parte da rede preferem ficar no anonimato, posso ser contatada, caso seja necessário pelo fone 9142-2664” finalizou.

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